domingo, 30 de dezembro de 2012

Devaneios


Dias incompreendidos, pessoas incompreendidas, todos nós temos o nosso lado escondido, todos temos a nossa singularidade que achamos incompreensível para o mundo exterior.
É exasperante reprimir emoções, mostrar-nos normais, padronizados, controlados. É difícil parecer bem quando se está mal. É difícil ser alguém que não sou totalmente. Mas afinal nós somos o que mostramos ou somos o que reprimimos? Ou ambos? Todos somos doidos e passeamos pela vida numa tentativa de tirar o melhor dela possível. Mas como tirarei o maior partido da vida se eu não sou eu mesmo na plenitude? Como é que serei feliz se parte de mim grita “Vai” e outra grita “Fica” e eu nem sequer me preocupo em perceber o porquê de cada uma, reprimindo automaticamente a que me parece menos dolorosa? A vida tem dor, é dor, dor e prazer. Não podemos reprimir a dor, nem esperar apenas prazer. A dor é para ser sentida, expressa, deitada fora, para que se vá embora de vez, dando lugar à próxima. Tal como o prazer, não pode ser mantido, tudo tem um tempo, tudo um dia acabará, eu e tu, a Terra e o Sol, a dor e o prazer.
Eu choro e sorrio. Lágrimas de dor e de prazer, sorrisos sofridos e resplandecentes. Mas sou incompreendido, sinto-me incompreendido. Todos nos sentimos. Não porque é impossível aos outros perceberem-me. Sou incompreendido porque não me dou a compreender, porque fecho em mim a parte que mais necessita de atenção, porque quero ser forte, auto-suficiente, mas o preço a pagar é a incompreensão. Nem eu me compreendo. Não consigo entender a natureza das minhas emoções, da minha dor, porque apesar de a sofrer, reprimo-a, porque me recuso a dar a cara à dor, porque me recuso a chorar quando o coração aperta. Porque me recuso a abrir mão dos meus problemas, porque os escrevo só para mim. E dói reprimir a dor. Mas então porque o faço? Não compreendo, nem deixo que compreendam. Sou um louco. Somos todos. Somos pássaros loucos que voam por isto a que chamamos vida, vida mal vivida, incompleta. Inundada de emoções, com corruptos diques erguidos, que nos impedem de criar novos rios. Todos somos iguais, bem não todos, mas muitos. Vivemos dentro de nós e fora de nós, uma vida falsa do lado de fora, e uma incompleta do lado de dentro. Claro que devemos ter a nossa intimidade, o nosso lado lunar, mas não devemos esconde-lo, suprimi-lo, desvalorizá-lo. Porque faz parte de nós. Faz parte de quem somos. Não somos só felicidade, e não enganamos ninguém, porque no fundo, todos sabemos que somos como o outro, todos compreendemos a incompreensão do outro, porque no fundo também nós somos incompreendidos.

PS: Este texto não reflete necessariamente a minha opinião, apenas traduz um estado de espírito momentâneo que achei por bem partilhar. E sim, está uma confusão.


domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal do consumidor

Chegou mais um Natal. Exactamente isso, mais um, mais outro, apenas mais um. Cada vez mais vejo o Natal a cair num espírito puramente materialista, já nada se celebra no Natal, apenas a troca das prendas. Ligamos a televisão e vemos notícias que anunciam a ruína do Natal à custa da crise, as imensas notícias sobre o Natal resumem-se a apanhar pessoas nos supermercados e explicar-lhes como gastar menos, a avaliar a subida de preço dos bonecos das crianças, a falar da crise no Natal, do dinheiro que se gastará a mais. Mas eu pergunto-me: O que é que isso importa? Porque é que temos que dar uma PlayStation3 ou um bruto relógio a alguém? O que justifica isso? Eu não recebi muito este Natal, mas a melhor coisa que recebi foi uma carta, palavras, que custaram praticamente 0. Natal não é altura de comprar o amor dos outros, não é altura de mostrar que temos dinheiro para gastar com eles, é altura para lembrar aos próximos que estamos com eles e que gostamos deles, que apreciamos a sua presença, é um momento de convívio, de fortalecimento de laços, e de aproximação. O termo "prenda" foi criado para isso, mas não me acredito que fosse com o intuito de transformar o Natal numa feira de bonecos, numa publicidade gratuita, numa forma de escoar as poupanças feitas no ano inteiro.
Deixo um apelo para o ano que vem, que façam o vosso Natal mais desprendido do material, da prenda, do boneco que querem comprar, porque no fim de contas, passado dois meses isso já foi substituído, ao contrário das pessoas com quem vivemos, porque essas estão lá para sempre.


domingo, 20 de novembro de 2011

Ponderar

Todos os seres humanos têm necessidades, aspirações, medos, crenças, e há uma coisa que é fundamental para levar a melhor sobre todas estas "exigências", a segurança. Uma pessoa segura de si, com relações que lhe oferecem estabilidade, com auto-confiança, com um bom suporte familiar, terá muito maior facilidade em atingir os seus objectivos, em rumar à felicidade. Há que procurar essa segurança, essa estabilidade, porque no mundo frenético em que vivemos, com problemas e pressões a virem de todos os lados, há a necessidade de procurar um porto de abrigo, uma protecção, uma referência, há a necessidade de encontrar algo ou alguém que nos dê uma sensação de que está ali para ficar, mas cuidado, não nos podemos atirar de cabeça pela primeira alternativa, não vamos entrar na primeira porta por desespero, isso sim, é um erro que pode sair caro. Nem sempre o mais fácil é o melhor, numa situação de aperto não nos vamos debruçar sobre uma opção que tem efeitos secundários catastróficos dos quais apenas nos apercebemos no fim. Devemos SEMPRE procurar a melhor opção, avaliar, ponderar, escolher o caminho mais razoável. Por vezes temos dois caminhos, um cheio de rosas à primeira vista mas que depois se torna insuportável e cheio de picos, e outro de terra batida, um caminho irregular e aparentemente muito mais cansativo de percorrer mas que passado um pouco atinge uma estrada. Neste exemplo o melhor caminho a seguir seria o 2º, no entanto é preciso ter força para decidir ir pelo caminho em que podemos perder alguma coisa, em que não apreciamos as rosas e que de início custa mais, é difícil escolher o aparentemente mais difícil, mas é importante ter cabeça fria, é importante ponderar, pensar muito. É essencial para mim como pessoa tirar diariamente meia-hora apenas para pensar, normalmente faço-o antes de adormecer, para analisar o que aconteceu, o que pode acontecer, pensar sobre todos os caminhos possíveis para ter a certeza que quando avançar para o caminho da terra batida eu não me vou arrepender nem vou querer voltar atrás. Devemos procurar a segurança, mas nunca precipitadamente, nunca dominados pela sede e pelo medo, devemos analisar tudo, até mesmo os outros que tanto podem estar a ser genuínos e oferecerem algo que no fim de contas não conseguiram cumprir, ou podem apenas estar a levar-vos para o caminho das rosas, que é bom, agradável, mas rápido se torna um caminho de espinhos, que nos agarra cada vez mais.

Há que optar, mas sempre de cabeça fria

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Chris Medina

Uma música, uma história de vida, um exemplo, um vídeo sobre o qual todos devem meditar. Aqui fica.


domingo, 30 de outubro de 2011

Toda a moeda tem dois lados

Hoje em dia é comum ver-se problemas em muita coisa, ouvir-se lamentações, é frequente ver gente a baixar os braços, a ceder... Mas a vida não é só isso, para mim há duas formas de se ver a vida, pode-se baixar os braços antes de tentar, ou pode-se ver as coisas com um sorriso na cara, e encontra-se sempre algo reconfortante, algo de positivo, nem que seja no típico "podia ser pior" (não sou apologista desta frase em particular).
É isto mesmo, é no optimismo que assenta a minha filosofia de vida e que penso ser bastante satisfatória, é sorrir quando tudo parece mal e agarramo-nos ao que temos e lutar mesmo que pareça impossível as coisas acabam sempre por se arranjar. É muito mais fácil desistir e esperar que o tempo faça a sua magia, mas o problema é que isso não funciona sempre. É bom ser optimista, é bom acreditar sempre mesmo quando tudo parece cair o optimista acaba sempre por sofrer menos que o pessimista. Mas há-que ter cuidado a algo que Vasco Pinto de Magalhães disse "Ser optimista é bom, mas tem os seus perigos. O optimista pode não perceber os problemas dos outros, pode não dar o verdadeiro valor ao mal. Outra coisa é ter capacidade de optimizar. Optimizar é tirar o melhor partido possível de tudo o que acontece, mesmo de uma catástrofe." Então conclui-se que é bom ser optimista, mas há que ter cuidado para não nos deixarmos cegar e subestimar uma adversidade, devemos em vez disso manter-nos confiantes e de cada situação procurar e retirar algo bom, algo de novo, devemos procurar no meio da palha pela agulha de ouro, mas no fim compensa, torna-se uma vida mais feliz se vista com um sentido positivo.
Isto junta-se com dois dos outros textos já previamente escritos por mim, um sobre a vontade e outro sobre a felicidade. Ser optimista é ser diferente, é na escuridão encontrar uma luz, ainda que pareça invisível. Toda a moeda tem dois lados, mesmo que pareça impraticável é sempre possível dar a volta a uma situação, retirar algo bom, um ensinamento, um sorriso, um gesto agradável, uma boa memória, é sempre possível ver a vida com outros olhos.

Ser optimista é ser diferente, é ver cor num mundo de preto e branco

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Vício do fumo

Porquê fumar?
É uma pergunta recorrente na minha cabeça... O que leva as pessoas a fumar? Apesar de todas as campanhas contra este vício, o número de "doentes" continua a aumentar. Todos conhecemos a célebre frase "fumar mata", todos aprendemos na escola os prejuízos do tabaco, quer para nós quer para a carteira, ninguém se pode desculpar de fumar porque vive não saber as consequências porque hoje a informação chega a todos. Então mais uma vez pergunto, porque fumam as pessoas? Sei uma das razões, hoje em dia entre jovens principalmente, fumar é um sinal de integração, uma marca do grupo, só entra no grupo dos "fixes" quem fuma, é sinal de rebeldia, de estatuto social, bem mas hoje nós acendemos o cigarro mas amanhã é ele que nos apaga... Qual é a necessidade de fumar para ser integrado? Saber que nos estamos a atirar para o precipício para ter dois/três anos de prazer num grupo engraçado da escola? É a "fama"? Não abomino quem fuma, tenho bastantes amigos fumadores, mas abomino que fumem para se integrarem, abomino que desçam ao nível de um grupo em vez de fazer o grupo subir ao seu, porque fumar não confere beleza nem algo mais, confere um canco no pulmão daqui a uns anos, se calhar os da minha escola são o grupo "Cancro do Pulmão"...
Todas as pessoas que fumam me dizem "Não te metas nisto é a pior coisa de sempre." e em seguida metem outro cigarro à boca, e eu pergunto-me: E não fazes nada contra isso? É um vício sim, os vícios são difíceis de ultrapassar sim, mas sabendo que se está a fazer alguma coisa mal porque se insiste nisso? Estão à espera que se torne bom? Milagres não acontecem, muito menos a quem faz este tipo de coisas. De que valem as palavras de aviso se depois não se avisam a eles próprios? Faz o que eu digo não faças o que eu faço, realmente os provérbios portugueses transmitem sempre sabedoria. Sejam inteligentes, não fumem, o que semeiam agora colherão no futuro.

Hoje acende-se o cigarro mas amanhã é ele que nos apaga

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Amigos e "Amigos"

Hoje estou de cabeça cheia, tenho muitos assuntos sobre os quais poderia falar, uns bons outros maus, uns que me fazem baixar a cabeça e outros que no meio de toda a confusão me fazem ver a luz. Talvez opte por estes últimos. Falo concretamente de amigos. Não falo de conhecidos, de relações de 2 semanas, de pessoas com quem temos conversas banais, falo de amigos, aquelas 4 ou 5 pessoas que nos marcam ao longo da vida e que não estando lá fisicamente, sabemos que estão connosco sempre.
Mas afinal, o que é um amigo? Como se distingue um amigo de um "amigo"? Ora bem um "amigo" é aquele com quem se pode ter as conversas banais, contar umas piadas, mandar umas bocas, jogar umas futeboladas, ou ir à praia. Mas um amigo, um amigo sem aspas, é muito muito mais, infinitamente mais. Um amigo é alguém diferente, que temos acima de tudo, que pode não ser o mais engraçado do grupo mas é aquele que quando nós caímos está lá para nos puxar para cima. Aquele que sabe ver quando precisamos de umas palavras de apoio ou quando precisamos apenas de conversar. Amigo é aquele que sabe dizer não. Não é aquele que alinha em tudo e cede aos nossos caprichos e parvoíces, não é o que vai fumar connosco para parecer bem, o amigo é aquele que nos diz que não e nos mostra que estamos errados, ainda assim respeitando a nossa posição. "Um amigo é um bem, um tesouro que se tem, são as luzes das estrelas, que nos guiam mais além". Vivo grato, pelos amigos que tenho, porque é a eles que eu verdadeiramente amo. No meio da maior das tempestades, nas minhas maiores confusões foram eles que esticaram a mão e me puxaram para fora do turbilhão que estava a viver. Feliz é aquele que encontra um amigo digno do seu nome. Mas há mais, muito mais, um amigo é muito mais do que disse acima. É uma presença constante (ainda que não necessariamente física) para os maus e bons momentos, é um apoio, um suporte. Não podemos fazer descolar uma nave se não tivermos uma base, um motor, um piloto, uma torre de controlo. Ora um amigo tem todas estas funções, é a base de tudo, nele assenta a confiança e a segurança de que podemos andar sem medos, é um motor porque por vezes quando a vontade falta é o amigo que está lá para nos dar aquele incentivo que faz toda a diferença. É o piloto para quando nos dirigimos para fora da rota ele estar lá para controlar e nos meter nos eixos. É a torre de controlo que nos dá estabilidade neste caso emocional, que nos transmite instruções importantes. E nós, nós somos a nave, que se não tiver amigos não descola, não voa, não se torna algo mais que uma simples nave. Vamos ser mais, podemos ser melhores, mas nunca sozinhos, quem nos ajuda, quem nos faz crescer são esses, os amigos.

No fim de todas as contas, somos um.